LUA VERMELHA

Contaram-me que era um eclipse diferente

Onde a lua ficaria na cor do sangue da gente,

No show dela a mesma sairia na cor vermelha.

Então fiz aquilo que me dera na telha:

Fui à parte mais alta de minha cidade

Para ver o fenômeno na sua totalidade.

De repente me acontecem coisas tão chatas

Meus pés acabaram se transformando em patas,

Meu rosto acabou virando um enorme focinho,

Onde pelos surgem no meu corpo todinho.

Os pelos, que engraçados – ó Pai -, são ruivos!

Na hora de falar a minha voz eram uivos atrás de uivos.

Realidade, pavor e tristeza me consomem,

Porque na verdade me transformei num lobisomem.

Puxa! Pensei que era uma mera tola crendice...

Agora vejo que a não crença sacramenta a minha burrice.

As terças e sextas-feiras que a lua cheia surge com o seu brilho,

Eu que só tenho irmãs e sou da minha família o oitavo filho,

Agora passo a conviver com essa maldição

De me transformar nessa temível assombração.

Lua vermelha , pelo vermelho; lua de prata,

Pelos pretos da cor dos pelos do lobo da mata.

Não há cura para minha licantropia.

Continuarei a ser lobisomem até o dia

Em que virar um lobo animal de vez.

Para não atacar os não batizados bebês,

Ou que uma bala de prata ou fogo viessem me matar

A alternativa única é numa fechada floresta me habitar.

O FILHO DA POETISA

Filho da Poetisa
Enviado por Filho da Poetisa em 28/07/2018
Reeditado em 28/07/2018
Código do texto: T6402361
Classificação de conteúdo: seguro