O ODE À SANTA RITA
Francisco de Paula Melo Aguiar
A imaginação consciente e poética
Dentro de casa, sem exílio....
Inquieta-se minha alma não profana
Teu filho por adoção...
Faço de ti, Santa Rita
A razão dos meus poemas
Presente no teu dia-a-dia
Sem pompas e atributos peculiares.
Isso é fato...
Insulto à Santa Rita pacata, trabalhadora,
Aquela que assiste tudo patética,
Sem ação administrativa, surda e muda...
Mais de cem anos de administrações
Que passam, revezam o puder...
Sem dar-lhe vez e voz
O direito de agir, pensar e participar.
O insulto vai para a política raquítica
De baixo clero... de terra arrasada...
Que faz obras que ninguém vê, de fachada
Tudo anda a passos de tartaruga...
Uma administração constrói praça, coreto, escola,
posto médico, creche...
Para a administração futura tirar do uso do povo
Privatizar, premiar e destruir...
O insulto vai para a Santa Rita
Sem desenho de oportunidades,
Sem ateliês e oficinas ideológicas
De passado, presente e futuro...
Painéis da ignorância, da falta de educação
Do pão e circo, sem vinho e sem palhaço
Dos espetáculos prometidos sem teatro
De festivais sem poetas...
Aqui tudo é aflição e agonia...
A cultura da insanidade ideológica
E fundação do proselitismo...
Fisiológico, clientelista e familiar
Painéis expostos sem galeria
No teu dia-a-dia...
Reina a intelectualidade sem escola
O povo assiste tudo desolado.
O apóstolo Pedro negou três vezes
A Jesus Cristo no dia do julgamento
Enquanto o Poder Político Municipal
Tu entregas nas mãos de qualquer um...
Esse é teu grande mal...
O voto de cabresto não existe mais
Não a essa Santa Rita feita cambiteira
Que neutraliza teus filhos e seus ideais.
É o mesmo que nadar, nadar, nadar...
E morrer na praia.
Refuto a Santa Rita das mortes...
Louvo a Santa Rita dos canaviais,
Da água mineral, da cerâmica,
Dos engenhos, fábricas e usinas
Contra o crime formal ou informal
Falta planejamento para o futuro...
Aqui nasceu a Paraíba em Forte Velho
No entanto tudo termina em corsos,
passeatas, blocos, carreatas, discursos,
comícios, procissões, enterros
e romarias intermináveis...
Desde a colônia
Passando pelo reino
E solidificando-se na república.
Peço-te perdão se te acho violenta,
Feia em alguns instantes,
Te penso bem perto de quem amo
Sem puder amar...
Te penso perto, passado, presente e futuro
Te sinto fria e sem crítica...
És para mim a primeira Flor do Lácio
A estrela angular do firmamento.
Infeliz é a terra
Que tem um povo livre
E que não conhece seu valor
Que espera receber tudo
De graça, sem esforço,
Sem trabalho e pudor...
A vitória é luta construída
Por gente brava e de valor.