Du Pará
Ainda não encontrei um lugar pra descansar,
Mas já vislumbrei a sombra da tinteira,
Lá no quintal do Pará,
Onde as águas barrentas,
Se assanham no dia, em ondas nas pedras,
Para vestir de espumas a orla ao luar,
Lá onde o rio é mais fundo,
Onde o silencio do mundo mora,
E a beleza do país parece ter iniciado,
Bate o remo pescador,
Ouvindo a doce sinfonia do rio marajoara,
Que navega,
Saindo da sombra a ver,
Com o nu dos olhos,
Ensandecido furor,
Da mãe terra, cidade das mangueiras,
Cuja única filha, como Belém,
Morena de belas madeixas,
Lábios como a flor,
Que embebidas de suave sereno,
O veneno do amor,
Feito Iara seduz e encanta, quem ousa aquele solo pisar,
Se ainda assim, não te tocar,
Cuidado com as ervas,
Cheiro místico do lugar,
Afasta-te do tucupi,
Não toques no Bacuri,
Tão pouco leves a boca o beijo do tacacá e do açaí,
Se ainda quiseres sair de lá.
Se conseguires fugir,
A tua alma, tocada ficara aprisionada de saudades,
Dessa terra cabana,
Em em ti sempre viajará aquela falta,
Que vicia e te faz voltar.