CLARAMENTE SÓBRIOS
Conversam sobre tudo
Expõem-se sem receio
A divagação se dá em meio
A mudanças rápidas de assunto
Repetem as piadas
Com as mesmas risadas
O contato se mantém
Da felicidade são reféns
Mas é curto esse deleite
Que nasce da ebriez
E se abraça num aceite
Fraterno dos três
Cavalheiros indômitos
Por uma causa superior
Unidos no recôndito
Do Estado do interior
Nadam as palavras
Pelos copos e gargantas
Um deles se levanta
Para poesia de sua lavra
Cantarolar ao vento
Uma ode às musas
Que tomaram assento
Na mesa – intrusas (!)
Propiciam histórias
O álcool e a amizade
Da tristeza inibitória.
Depois, trazem saudade.
Se armazenadas em barris,
Porém, melhores envelhecerão
Com gosto de raiz
A boemia da solução
Já podem chamá-los “senhor”,
Por cujo respeito da idade
Convencionou-se que amor
Se bebe na mocidade
Não destoam, contudo,
Aqueles cavalheiros
Entremeados em devaneios
Ressaqueiam-se no mundo
Suas entorpecidas vísceras
Logo serão as alvíssaras
De novos companheiros
Sem brinde derradeiro...
Filosofam, impróprios.
Estão sóbrios.
Claramente sóbrios.