MORMACEIRA
A imagem do sol reflectida nas núvens
Atrai o olhar da idosa multidão
Que agora, com olhos de ver
Sabe que o amor, não os bens
É a chave mestre da ignição
Da viatura que todos queremos ter
Olho à minha volta
E quando assisto ao noticiário
Concluo que não existe lugar seguro
E desconcerta-me estar à falta
Dess’amor cada vez mais necessário
Com que preferimos ficar em cima do muro
O tempo faz-se húmido, quente e triste
Porém, a leve poeira atmosférica irrita
Os olhos que não se fecham para vislumbrar
Que a dor no mundo é um velho traste
E a morte, dia e noite à espreita
São contas que a vida obriga a liquidar