Aqui, ali e acolá a gente aprende: crônica do cotidiano

Seja com Jojo Todynho, de Que tiro foi esse? Seja com Raul Seixas e o seu Maluco beleza, ou ainda com o mesmo Raul, quando critica o que fica “com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar”, a gente aprende e também ensina. E também a gente aprende e ensina que a verdade é proibida, que a censura prévia está nas faces, nos esgares, nos mal-estares.

E se é assim, aprendo e ensino com o Raul Seixas que sou uma “metamorfose ambulante”, e “que enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, eu do meu lado aprendendo a ser louco, um maluco total, na loucura geral, controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez”. E me identifico com Ariano Suassuna quando diz de quanto gosta dos doidos.

Nunca quis e nem quero ter “aquela velha opinião formada sobre tudo”, mas tenho ciência de que “eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes”, além de me acorrer a certeza de que “eu sou a dona de casa nos pegue-pagues do mundo, eu sou a mão do carrasco. Sou raso, largo, profundo”.

Por estas e outras mais não se assuste com a bala perdida no salão de festas. Pois assim é que se sacode o mundo e não se pode dizer que “a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida”. Jamais pense que sou sua escrava, pois perdi nas calçadas da vida o “meu medo da chuva”. Não temo a sua cara fúnebre, “aprendi o segredo da vida, vendo as pedras que sonham sozinhas no mesmo lugar”.

Acredito, sim, que o ser humano só usa 10% da "sua cabeça animal". Sendo assim, sento nas cadeiras da noite boêmia e, já troncha de drinks, ordeno ao cantor brega que chame o garçom para eu chorar em seu ombro. Cantarei desafinada para que ali, naquela mesa de bar, eu lhe conte mais uma história de amor. E, “que se eu pegar no sono, me deite no chão”, porque “minha conta eu vou pagar”.

Enfim, quando eu der por mim, o dia esteja claro, porque “eu preciso te falar, te encontrar de qualquer jeito, pra sentar e conversar”, e que também acrescento querer “ver o sol acontecer num dia de domingo”.