As coisas são sólidas em suas essências
Enquanto o tempo estrangula os fatos
Sepultando-os no passado frio e distorcido
As palavras têm dentes como engrenagens
 
Os passos são apenas traduções de movimentos
Sobre a superfície áspera de desejos dissonantes
A boca entorta quando mente sobre a vida
E o coração se engana com a sedução dos olhos
 
Peço a você que não reflita sobre a desconfiança
Acredite em meus suspiros na noite ofegante
Posso não estar acrescentando uma pedra na muralha
Mas tento vigiar as entradas com o que resta de mim
 
Peço um pouco de atenção ao que meus dedos dizem
São mais que sinais e indicação de direções alheias
Eu tento mostrar para tua incerteza o paraíso possível
Mas não vou acrescentar um traço sequer ao teu desenho
 
O poço pode não conter mais água pura e cristalina
Mas ainda nos oferece a possibilidade de viver mais
Nem tudo está perdido diante da solidez e do absurdo
Eu posso te oferecer o pão fermentado de esperança

 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 23/07/2018
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