Sina
Denise Reis
A dor recolhe manhãs
em alvoroço e desvario
como se colhesse adagas
sangrando o próprio fio.
A tarde, mão que empunha
sois de orvalhado pranto
razão, suporte e cura
suscitando nostalgia e encanto.
A noite extravasa carinhos
como quem rouba uma flor
tece o fio, o ardor e o corte
emaranhando os rumos do amor.
Tudo se fragmenta e fenece
numa prescindência completa
tornando o mutar uma sina
dos amores, das luas e dos poetas.