NO NINHO
O chão é seu ninho, seu leito ao relento
Na rua, na praça, na vida que passa
Da sorte sem graça que a graça esqueceu...
São filhos do homem largados no mundo
São filhos do mundo esquecidos de deus
São anjos sem asas perdidos de casa,
Perdidos do amor, num triste abandono
No ninho, sozinhos, tais quais passarinhos
Sem céu, sem poleiros, gaiolas ou donos.
No ninho, com frio, seus corpos descansam
Tão frágeis, pequenos, no leito da dor
Sem mãe, sem carinho, de peles tão nuas...
De carnes tão cruas, vidas sem sabor
Somente a lua vigia seu sono
Aquece seus sonhos e acende quimeras
De histórias, sofreres, memórias de eras
Qu’as pobres crianças, o sono amainou
[Em sonho, co’as asas, retornem pra casa,
Anjinhos proscritos que o céu exilou...]
Nina Costa, in 29/06/2018.
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.