Lírico
Pelas estradas e horizontes infinitos
De minha vista cansada, nesse irrefreável movimento
Caem-se aos gritos, aos montes, em lugares distantes
Há dores que divido com o mundo, uma ode à alegria
Sonho com mártires da antiga Roma
Aquieto-me sem que compadeça
Dessas almas ruins, há muito do lado de cá
Dos meus ritos de menino, de corpo e alma
Nasce-se e morre-se da mesma forma
Enclausurados em etiquetas
Diga-se Adeus aos grandes
Quando Proust escreveu o mundo
Adeus ao meu coração, adeus a vida
Onde há muito eu desejava paz
Se foram os ritos, se foram as folhas
Branco e cadavérico, esses reflexos de vitrine
Das lojas, dos corpos, foram-se tudo
Se amanhã ainda houver vida, dirão os sonhadores
Bravos em suas canções imortais
Buscam seus gládios, como César
Mas sem sucesso, resistem
No céu acima os pássaros voam
Sem liberdade
Eles não vivem mais, tudo agora é fútil
Tudo agora é luta, mas sem pudor
São outros os motivos de tristeza
São outros risos, outras lamentações
Absolutamente resoluto em meu caminho
Escrevo para que não me esqueça