Alta Casta
Me enojam tantas frivolidades.
Fartas tuas mesas, falsa hospitalidade.
Ar superior, requinte externo.
Cheiro de horror, cheiro do inferno.
Tuas colônias e balsamos exalam azedume.
Respiro fundo, vem-me a mente estrume.
Saibais vós, vossa hipocrisia os olhos salta.
O ávido desejo das posses, a casta mais alta.
Sinto dó, do vazio que deve haver em vós.
Anseiam por companhia, sentem-se sós.
Possuem tudo o que há de possuir e nada têm.
A felicidade está no horizonte, porém vivem aquém.
Necessitam destas “coisas”, sem elas estão perdidos.
Ainda que provassem a vós, já estais convencidos.
“Sempre sobram nossos armazéns, alcançamos a plenitude.
Mais numerosos são nosso arens, repletos estão de virtudes.”
Seus palácios reluze, vastos são teus salões.
Para suas solenidades vãs, e fúteis comemorações.
São belos e esbeltos, possuem raízes viscerais.
Não compreendo, como caíram em coisas banais.
Eu mesmo, mergulhei no âmago do ser.
Aprofundei a constatar o vazio do viver.
Mas perenes sois vós, habitantes desta terra.
Estão aqui antes de nós, habitantes desta terra.
Se aos homens que são como um piscar, existe a vontade de reinar.
Idealizamos um reino utópico e seguro, edificando um futuro.
A vós que reinais sobre colinas, montanhas e florestas.
Venho perguntar: Será que serão lembrados por algo além das festas?