Lume
Só é preciso rasgar as veias
Fazer a dor pingar faceira gota a gota
E assim colorir no papel a palavra amarelada, abandonada, lisonjeira.
Só é preciso retirar as meias
E assim sentir na pele exposta
A angústia fria, vazia, esperada e imposta.
Só porque é belo ver um grão perdido e ínfimo
Coberto de empáfia, sal e desprezo,
Ser transformado no tormento e no íntimo
Em pálida pérola, arte, lume indefeso.