P R E C I O S I D A D E S (124)

A PRETA NA CABANA

Esta preta que vês junto à cabana,

velha, gasta, pedindo-te uma esmola,

teve na terra benfazeja a escola

do trabalho, do amor, da luta humana.

Deixou a pátria tórrida africana

pelo Brasil, onde é soberba a flora;

e no país em que ela é livre agora,

viveu escrava e a um tempo soberana.

Misturou o seu sangue ao nosso sangue,

o seu suor no campo, ao suor da aurora,

deu força e alento ao nosso corpo langue.

Helena, inda hoje embala-nos nas sestas

como ria no lar conosco outrora,

e eram suas também as nossas festas . . .