A inércia do Sorriso
O sorriso por inércia a que sou forçado
ilude-me que participo da Humanidade.
Sou o Homem e seu fado:
fingir que detenho a felicidade.
Mas o que sei sobre a tal?
Somos Seres em busca de abrigo no curral.
Frutos de um mero acaso, ensinou-nos Sartre;
e cá estamos esperando o repouso do deus Marte.
Carros e doutores, honras e louvores.
Sempre há quem os queira.
Chegados, resta o fim da feira . . .
Não era ali o repouso da felicidade,
tampouco nos amores ou nas dores.
O sorriso por inércia cala seus detratores.