poesia
Mergulho, peixe, laticínio
A memória que arde sem
Saber porque, sono, treva
Colapso de uma era, dor
Em estado de permanência,
Latente desejo de partir, fogo
No fato, e das cinzas criamos
Algumas mentiras, silêncio,
Vago e som de vaga-lumes
Estremecendo em tempestade,
Sou poeta do caos, da perdição
Que ninguém enxerga, poeta que
Sabe das lavas do inferno, não
Pergunte como escrevo, nem dos
Altos e baixos das marés, vivo nelas
Discreto, sem saber benzer, grito,
Esperneio, poucas almas que se sabem,
E na redoma de palavras, uma experiência
Se aproxima, a poesia se instala, não sou
Mais que a linguagem que assumo, não
Mais que uma distância, a poesia declina
Sobre o rochedo, dispara tiros de letras,
Dissolve o estado de sua solidez, vomita
Dilacerando, e depoiso descanso, o gozo
Do dito, o poeta se infiltra no poema mas
É a poesia que fala.