Ô TREM BOM SÔ
E lá ia ele,
cuspindo fumaça,
serpenteando nos trilhos,
entupido de beradeiros,
e eu lá no meio,
calça curta,
comendo broas,
bebendo Grapette,
realizando meu sonho,
30 horas saculejando,
rumo a Fortaleza,
ver o mar...
Juazeiro do Norte, Missão Velha,
Ingazeira, Aurora, Lavras,
Iguatu, Acopiara, Quixeramobim,
Quixada, Baturité...
e seguia trilhos afora...
Piuí!! Piuí!! Piuí!!
Festa em cada estação,
ô Trem bom sô!!
Se eu soubesse
que algum dia
a viagem acabaria
e esse trem morreria...
eu não teria crescido.
Autor Benedito Morais de Carvalho (Benê)
Livro: A poesia da calçada não vende ilusão
Scortecci Editora (2020)