Bicha Janota

De sua janela de camurça

ela joga seus olhos ladeira abaixo

pescando as silhuetas mais atraentes

Ensaia gestos, sorrisos mornos, entra em cena

Ele, dorme profundamente, expressão serena

Ela senta em sua almofada

esticando as poses envoltas em lycra

Puxa e repuxa seus mil adereços,

vive em seus dedos um rodízio sem preço

Ele, repousa profundamente, expressão amena

Ela de novo as voltas com seu espelho

ao se inundar de sensações prazerosas

Mesmo tudo muito acima do joelho

esconde pouco e, muito amostra, as melenas

Ele, descansa em sua cela de carne, expressão pequena

Ela, se veste da noite pra reinar soberana

Faz latifúndio de um pedaço de cama

E para todos simplesmente é uma bicha janota

Para outros, a opinião é de ser uma pena

porque ele, morreu esquecido, nem houve novena

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 16/07/2018
Código do texto: T6391851
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