Bicha Janota
De sua janela de camurça
ela joga seus olhos ladeira abaixo
pescando as silhuetas mais atraentes
Ensaia gestos, sorrisos mornos, entra em cena
Ele, dorme profundamente, expressão serena
Ela senta em sua almofada
esticando as poses envoltas em lycra
Puxa e repuxa seus mil adereços,
vive em seus dedos um rodízio sem preço
Ele, repousa profundamente, expressão amena
Ela de novo as voltas com seu espelho
ao se inundar de sensações prazerosas
Mesmo tudo muito acima do joelho
esconde pouco e, muito amostra, as melenas
Ele, descansa em sua cela de carne, expressão pequena
Ela, se veste da noite pra reinar soberana
Faz latifúndio de um pedaço de cama
E para todos simplesmente é uma bicha janota
Para outros, a opinião é de ser uma pena
porque ele, morreu esquecido, nem houve novena