Elegia (Homenagem a Dom Luciano José Cabral Duarte)

O menino, aquele entre luzes celestiais, ouviu o chamado

O menino seguia sem pessoa ao lado, envolto em neblina

O rapaz, abraçado à Palavra divina, assumia ares de santidade

Entregou-se aos mistérios das latitudes e plenitudes desconhecidos

O homem, esse se afastou em definitivo das coisas terrenas

• Para onde vai? O que será?

Agora estão as coroas de flores entre luzes e sombras, sem pecado

Agora estão os três nas amplidões de Deus

Lágrimas molham o esquife das histórias de virtudes

Cânticos de louvores inundam o cortejo

O padre, em paz, dorme

• Para onde vai? O que será?

Sob a laje fria aquela matéria é nada

Sob os nossos olhos pagãos e maus, o padre dorme em paz

Os anjos acampam ao redor do altar

E o padre que em paz dorme

De pequenitudes entre nós não sabe

• Para onde foi, onde estará?

O Cristo resplandece, desperta o padre que dormia em paz

_ vem, ó padre, a Eternidade o espera

_ vem pelos montes, pelos vales, pelas esferas

Acorda, padre, quero que vejas o prometido

O que para ti guardei, o teu tesouro

As trombetas celestes emitem notas musicais, longos acordes

Há sóis por toda parte, festejam o padre que dormia em paz

Nos portais respondem seres angelicais, profetas e matronas

_ Ele está na Glória, ouçamos-lhe a voz

Sermões se espalham pelo orbe, nada mais

O padre que dormia em paz se vê menino, rapaz

Corpo santo, canta e estende as mãos de jade

Em sua boca de púrpura a palavra viva vibra como d’antes

Palavra que salva os que em paz não dormem

Nós, herdeiros do escolhido, da memória secular, da saudade