CATARSE

CATARSE

Solitário eu olho o mundo

e tento me situar,

sitiado pelo nada...

Aonde estão meus iguais?

Aonde foram parar?

Que caminhos os roubaram

da minha voz, meu olhar?

Aonde alguém, que silente,

faça par à minha sombra,

sob a lua dos amantes?

Feito estranho viajante,

nesta terra de ninguém,

também me perco, sem fim...

Quanto mais sigo, mais sei

que maior é a distância,

e até de mim, eu me ausento...

E a dor aperta o cerco...

Sofro o nada que me abraça...

E esvazio a minha taça.

Fim da festa, não me assusta.

Temo somente a verdade,

e a terrível crueldade.

Mata borrão que rasura

essa pegada obscura,

o meu sorriso pueril...

Vejo deuses que sorriem

da minha prosternação...

Nenhum que me estenda a mão...

Achasse um ponto de fuga...

Um outro olhar ou sentir,

destronava essa tristeza...

Mas não há, me deixo então

olhar perdido no chão,

sem saída, aliciado...

E rimando a minha sina,

sem entender patavina,

termino na abstração.

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 16/07/2018
Código do texto: T6391465
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