Sem pressa
Eu tenho um pouco de pressa, confesso. Mais do que deveria, eu que, como privilegiada, estou passos à frente de outros, por motivos que a gente já sabe, por decisões e crenças que não foram minhas. Tenho dúvidas se esses caminhos e filas nas quais me vejo presente valem a pena: porque eu estou esperando resultados, e vejo um ou outro em intervalos longos demais para me manter em posição de alerta.
Mas eu penso que tudo bem ter gastado um pouco de tempo aqui e ali, ter perdido algumas esperanças e pessoas, ter ganhado um pouco de confiança, guardado algum dinheiro. Acho que é uma possibilidade, ainda, e está longe da minha alçada (e disposição, confesso) tentar escapar dela.
Porque um dia eu só quero que todo o tempo seja dedicado a sentir o tempo. Sem pressa. Sem prazos de entregas e lembretes do calendário do google, sem musiquinha de despertador. E eu NÃO quero sentir isso só depois da aposentadoria, só depois de todas as sensações do meu corpo terem definhado, a ansiedade ter levado todas as minhas vontades embora. Eu quero em breve. Muito em breve.