Fagulhas
Aqui, do horizonte vejo
Algumas reticências, nada mais
Tão preto e branco esse arco-íris
Cortou o céu de norte a sul
Diante dele, transpareço
Como um cadáver insistente
Desejando retornar à vida
Quase me perdi mais cedo
Em tua íris, infinita
A frieza da tua alma -
Tornou-me sorumbático
O demônio da meia noite
Esse que pela janela grita
Tal qual o corvo de Poe
Diz ele: Nunca mais!
E nunca mais revivi os ritos
Quando pela primeira vez
Parti meu coração em fagulhas
A centelha da vida - ainda vívida
Gélida e tênue - Tímida, há séculos
Sufocou-se com essas palavras