COMO SER VIOLENTADO

O que há de purulento sob as saias

há de permanecer passível de silêncio.

Porque a máquina masculina e vigorosa

foi feita contra tudo e contra todos.

Sofrem os homens sob as fardas,

as mulheres sob os tapas na cara

e o terciário sob o cão que ladra.

A imperfeição unifica na úlcera

e canibaliza na dor.

Invade o reto pela via da clandestinidade,

entorpece o humor pela métrica e finitude.

De resto é sorriso virtual que esconde a maldade,

vida perfeita em campos que camuflam a inversão,

crianças contendo a hemorragia de desejos parentais

e velhos petrificados por suas cegueiras morais.

O querer ir embora envenena o dia visto da janela,

como um parasita torto que avisa que nada é normal.

Mas um chicote desaba sobre os ombros da revolta

e diz que todo sonho não deve ultrapassar a régua do natural.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 12/07/2018
Reeditado em 12/07/2018
Código do texto: T6388593
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