POESIA RUIM

Que tanta indisposição na alma ocorre,

para se castigar ao afeto com poesia?

Tratados infindáveis sobre a mesma ladainha,

do coração partido, do amor tedioso e da distância.

Um vomitar insolente da mesma fonética vazia,

causando frases de banalidade espantosa.

Poderiam ser bilhetes parvos ou receitas de bolo,

mas são a pretensão posta em estrofes adiposas.

Não há qualidade na histeria ou na melancolia,

apenas falta de alguma ação medicamentosa.

Talvez a limpeza das louças sobre a pia,

ou apenas o corte dos pulsos para cessar-se a prosa.

Tolices menos ultrajantes adornam banheiros públicos,

onde o poema nasce do deboche e da galhofa.

De resto, ficam os verdadeiros poemas, não escritos,

calados nos intestinos e nas línguas mortas.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 12/07/2018
Código do texto: T6387784
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