POESIA RUIM
Que tanta indisposição na alma ocorre,
para se castigar ao afeto com poesia?
Tratados infindáveis sobre a mesma ladainha,
do coração partido, do amor tedioso e da distância.
Um vomitar insolente da mesma fonética vazia,
causando frases de banalidade espantosa.
Poderiam ser bilhetes parvos ou receitas de bolo,
mas são a pretensão posta em estrofes adiposas.
Não há qualidade na histeria ou na melancolia,
apenas falta de alguma ação medicamentosa.
Talvez a limpeza das louças sobre a pia,
ou apenas o corte dos pulsos para cessar-se a prosa.
Tolices menos ultrajantes adornam banheiros públicos,
onde o poema nasce do deboche e da galhofa.
De resto, ficam os verdadeiros poemas, não escritos,
calados nos intestinos e nas línguas mortas.