DECLAMADORA ESTÚPIDA

Certas amenidades convêm à sanha das declamadoras,

tão anacrônicas quanto o refinamento ensaiado.

Uma selvageria oculta em maneiras afetadas,

macaqueadas de regras ridículas e antiquadas.

A quem de paciência e estômago resistente,

um leve entortar da boca , manifestação do desprezo,

serve a certeza de que o passar do tempo

porá fim a essa pantomima tola.

Quanta sandice ainda estará por vir,

para que se salve um ou outro verso que valha?

Quantas estúpidas senhoritas terão de passar

até que a voz da razão penetre esta sala?

Espero num canto, como uma poltrona velha,

soterrado e morto pela ânsia dos confetes de carnaval.

E os dentes crispados da declamadora em desespero

rasgam a última estrofe desse poema banal.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 10/07/2018
Reeditado em 10/07/2018
Código do texto: T6385966
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