Um saqueador de amores

Talvez eu seja como um Pirata em alto-mar

Um maléfico caçador das inspirações alheias

Surjo de repente das névoas

Navegando à deriva.

Algumas vezes com as velas arriadas

Uma nau em pedaços

Consumido por um destino ensandecido.

O Tempo que sacia-se com os meus pensamentos arredios

Deixa o meu corpo em frangalhos.

Um olho sempre vendado aguça a minha sensibilidade.

Outras vezes parecendo um barco veloz

A toda singrando os corações alheios

Em busca de ouro e prata dos olhos, dos corações.

Pilhagem de amores é o meu destino

Vivo com o vento nordeste trazendo perfumes

Com o vento sul traiçoeiro, roubando perfumes

Vivo a densidade das noites, vivo a intensidade dos dias.

Aprisiono um amor, pensando em caçar outro.

Durmo com os albatrozes em meus pesadelos

Acordo com as gaivotas em meus sonhos

Pouco sei de mim, apenas que me basto.

Tenho asas para fugas impossíveis

Assim são os meus versos

Pousam escondidos em ilhas solitárias,

Casarões sombrios.

Todos percebem a minha chegada

Mas ninguém vê o meu partir.

Deixo de recordação

À luz do lampião de estibordo

O barulho silencioso das minhas correntes.

Em fuga sigo para a liberdade do sol poente

Achincalhando o tempo acima das ondas do mar.

E a bombordo parecendo o estampido de um canhão

Acompanha-me o som forte das batidas do meu coração.

Robertson
Enviado por Robertson em 09/07/2018
Reeditado em 09/07/2018
Código do texto: T6385757
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