Aromas
Café forte, puro, preto, fumegante.
Apenas nos engana a condicionar-se na garrafa,
na verdade foge aos dedos e aos olhos, rápido,
percorre a casa e sai a rua conquistando olfatos, irresistível.
Na rua o mato, terra ansiosa, no cio a esperar fogosa chuva,
e deita-lhe sobre esta propagando aroma,
o chão nu e molhado é de uma fragrância amena,
já não deixa pequena o poder de lembrança.
Há pão no ponto de sair do forno, no ponto de nos salivar,
há quem não espera que fique morno,
há que não espera e se faz queimar.
Esses casos de razão dormente, de cheiro e de pele.
Tal cheiro de livro novo já a nos contar bonanças
do que ainda não lemos nem sabemos,
tinta a deitar no papel contando vezes histórias
vezes sabores, vezes aromas, vezes amores