Aromas

Café forte, puro, preto, fumegante.

Apenas nos engana a condicionar-se na garrafa,

na verdade foge aos dedos e aos olhos, rápido,

percorre a casa e sai a rua conquistando olfatos, irresistível.

Na rua o mato, terra ansiosa, no cio a esperar fogosa chuva,

e deita-lhe sobre esta propagando aroma,

o chão nu e molhado é de uma fragrância amena,

já não deixa pequena o poder de lembrança.

Há pão no ponto de sair do forno, no ponto de nos salivar,

há quem não espera que fique morno,

há que não espera e se faz queimar.

Esses casos de razão dormente, de cheiro e de pele.

Tal cheiro de livro novo já a nos contar bonanças

do que ainda não lemos nem sabemos,

tinta a deitar no papel contando vezes histórias

vezes sabores, vezes aromas, vezes amores

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 07/07/2018
Código do texto: T6383514
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