Outra manhã
Rasgou uma manhã em meu peito
E não soube bem lidar com ela
Minhas mãos ásperas de escrever poemas
Meus olhos ácidos de ver misérias
Meus pés bem calçados do frio
Não tiveram reação
Rasgou uma manhã em meu peito
Em uma hora que não esperava por surpresas
Minhas saudades todas amarelaram
Minhas ruas se perderam minhas veias
Minhas águas se acumularam na poça do corpo
Rasgou uma manhã em meu peito
E não soube bem lidar com ela
Imóvel: ela entardeceu vagarosamente rosa.
Milton Oliveira
06jul/2018