MANHÃ DE INVERNO


Acorda cedo e cede ao fado
O mar tão perto, o aceno ao mesmo cais
Em qualquer casa, sob qualquer arcano
O sol no seu levante, no escarcéu

A vista da janela jaz empobrecida
Em cinza que jamais descascará

Se nada falta à cena segue o enredo
Meio banal, meio esquecida, é pena
Se tudo fala em quanto cala o mundo

A eternidade tem poucos caprichos
Cosméticos do cosmos

Acorda cedo e borda o próprio álibi
Sem Odisseu nem pretendente em Ítaca
E pensa em pontes sonolentas entre nada
E parte alguma

Oh, progresso dos sucessos que lhe aflige!

O lugar ocupado é o que convém
É público e comum, de resto
O espaço tal qual visto, se lhe apraz
De todo lado errado quando à destra

Acorda, não desperta nunca mais


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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 06/07/2018
Código do texto: T6382907
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