A BOCA NÃO PEDE

Naquela vida, o que se passa não imagino,

Sei que chove, porque vejo o molhado da chuva,

De resto, entendo quase nada.

Desconhecida, a pessoa é um fato

Levando um poema guardado na cabeça.

É possível que um dia peça a alguém que o escreva,

para mostrar em seus versos um pedido de perdão.

Não sabe escrever, mas diz o que lhe pede o coração,

Não saboreia o que há de melhor, porque a boca não pede.

Assim se faz o ser no restrito chão de seu quintal,

vê a lua e se banha dela para, em seguida, dormir.

Nada sei da vida aquela,

gostaria, porém, de o seu poema ouvir,

Aquele tão guardado, por não o saber escrever.

Dalva Molina Mansano

Dalva Molina Mansano
Enviado por Dalva Molina Mansano em 06/07/2018
Código do texto: T6382793
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