A BOCA NÃO PEDE
Naquela vida, o que se passa não imagino,
Sei que chove, porque vejo o molhado da chuva,
De resto, entendo quase nada.
Desconhecida, a pessoa é um fato
Levando um poema guardado na cabeça.
É possível que um dia peça a alguém que o escreva,
para mostrar em seus versos um pedido de perdão.
Não sabe escrever, mas diz o que lhe pede o coração,
Não saboreia o que há de melhor, porque a boca não pede.
Assim se faz o ser no restrito chão de seu quintal,
vê a lua e se banha dela para, em seguida, dormir.
Nada sei da vida aquela,
gostaria, porém, de o seu poema ouvir,
Aquele tão guardado, por não o saber escrever.
Dalva Molina Mansano