APOPLEXIA
Aquele cinzento escuro
aquela muralha vaporosa
e trémula
que sobe e desce além
como o pano
de boca-de-cena do teatro,
empalidece.
Aquele cinzento
claro agora
é mais leve
tão leve como penugem de gaivota.
A cor é de cimento em pó
casa vez mais lívida.
Os olhos ficam vidrados
a pele humedecida
e há gotas de suor rolando.
De súbito e sem dizer palavra
aquele cimento cai
inerte
no chão distante
do horizonte mar.
Leiria, Portugal