APOPLEXIA

Aquele cinzento escuro

aquela muralha vaporosa

e trémula

que sobe e desce além

como o pano

de boca-de-cena do teatro,

empalidece.

Aquele cinzento

claro agora

é mais leve

tão leve como penugem de gaivota.

A cor é de cimento em pó

casa vez mais lívida.

Os olhos ficam vidrados

a pele humedecida

e há gotas de suor rolando.

De súbito e sem dizer palavra

aquele cimento cai

inerte

no chão distante

do horizonte mar.

Leiria, Portugal

Orlando Caetano
Enviado por Orlando Caetano em 04/09/2007
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