A Menina
Hoje ela acordou mais cedo
Tinha que resolver assuntos pendentes da noite anterior
A roupa que havia planejado
Encaixou perfeita com o frio
O Sol começa a abrir...
Ela arruma cuidadosamente os cachos
Cabelos castanhos em tom de mel e bronze
Hoje deu tempo de admirar os olhos
Arrumou com cautela o café da manhã
E pintou a boca com hidratante e batom
Usou um tom envelhecido
Lhe deixa com ar de mistério
Não gosta de sair sem nada nos lábios
Mesmo sabendo que ainda vai tomar café
Delicada, ela calça a sapatilha de pé pequeno
Despede da mãe e olha a hora
Só passaram dez minutos
Ela se adiantou
Vai para o ponto e depois de quase metade da viagem
Percebe que vai chegar cedo demais
Procura por quem poderia ser o leitor secreto de suas poesias
Mas é provável que não esteja neste ônibus
Mas está decidida a saber quem é o morador da França
Que compartilhou sua viagem de ônibus
A manhã anterior foi intrigante
Ela ficou curiosa
Mas é provável um blefe
Em muitos ônibus se encontram poetas escrevendo...
Aos vinte anos, a moça de olhar doce
Escondia um mundo tempestuoso em seu coração
Hoje, está feliz com as boas notícias de seu médico
A terapia tem surtido efeito
O esforço da menina tem lhe feito mulher
Ela lembra da flor feita de arame que deixou na mesa de trabalho
Ganhou de um artista de rua
Disse que seu sorriso ilumina
E seus olhos exalam amor
Mal sabe ele de suas lutas
Lutas para juntar os cacos do que restou de si
Junta e cola
Reconstruindo o que um dia se pareceu com flor
A noite chega, a menina avalia o dia
Foi intensamente estranho
Viu seus chefes se digladiarem por seu trabalho
Ela ficou triste, não gosta de ver pessoas brigarem
Não gosta de ser o motivo da briga
Suas tarde foi de grandes reflexões
A terapia mexeu num ponto que ainda dói
Mas é preciso tratar as feridas para curá-las
Ela sabe que é amada
Mas precisa de uma noite de colo
O sono lhe fará bem
Ela acordará um novo dia amanhã..