COCHILO...

Entre um cochilo e outro
a vida se escreve
tendo espasmos
de dor
lancinantes momentos de alegria
decepções azedas como o leite
delírios febris de paixões mal resolvidas
sonhos pulverizados à luz da realidade
e uma febre que não passa.

Entre um chochilo e outro
a vida se esvai
nesta ampulheta
invisível
contada pelos ciclos da lua.

E entre um e outro
a aquele amor
que já foi
ou o que ficou e passou
bem como pode haver uma morte
ou um nascimento,
mas há sempre uma carta
esperando para ser lida.

Entre um cochilo e outro
um pássaro canta
um velho janta
e uma gaivota
rasga os céus.

Entre um cochilo e outro
pode-se dar mais um
respiro
ou,
quem sabe,
o último suspiro...