"QUE POEMA É ESSE?"
Que poema é esse,
que me baila n'alma,nesta límpida
manhã de domingo?
Sim! Há um embrionário,
lírico poema germinal,
maturando-se em mim.
Um poema que
pede emprestadas
as asas das libélulas,
para que seus versos pervaguem
por sobre as águas,
seguindo o itinerário
contrário à correnteza
e penetrem a fonte em sua
própria nascente,
a ver onde se reunem
os milagres das origens...
Esse poema maturescente,
quer cada palavra de seus versos
nas asas das borboletas
em pleno panapaná...
Passear por todos os campos
plenos de flores,
experimentando
a seiva, o néctar, o pólen,
as cores das flores em suas
diversificadas simetrias,
aspirando os
aromas florais e depois,
plantar-se num canteiro...
Meu poema quer aprender
a germinar!
Esse poema de minh'alma,
quer para si o encanto das
pinturas suavesde contornos
dourados dos bibelôs de
porcelana antigos,
e quer beijar
as almas simples e boas,
que se abriram
àquele encantamento
de poetas
pacíficos...passados...passivos!
Esse poema
quer ser mítico com o unicórnio,
para sereno adejar...
Atravessar a transitoriedade
das nuvens
e no éter planar...eterno!...
Tão suave!..tão sutíl!..
Tão lírico esse poema,
que chega a ser
etérico !
(Maria Mercedes Paiva)