FERIDA ABERTA NO CORAÇÃO

Quem vence o duelo do poder

Leva para casa a ausência de pudor

O troféu não sabe onde se guarda

Soldado sem arma e sem farda

Servindo ao exército do ridículo

O mundo se desfruta da podridão

Da nossa falta de amor e crítica

Preferimos a comodidade da gaiola

A voar sobre os vales de lágrimas

Medo de ter nossas asas feridas

O sopro de lamentos que soam na noite

Fere e faz os ouvidos sangrarem

É a morte comprada à prestação

Nem conferimos o código de barras

Nem sentimos a ferida aberta no coração

Só sabemos que o tempo passa e varre

As possibilidades de uma vida feliz

As fotos na parede se desbotam e partem

Junto com as memórias fugindo da mente

E o alucinógeno já não preenche o vazio

Pela estrada que ainda resta ninguém chega

Para abraçar meu corpo cansado e decadente

Pela estrada que se alonga até o rio de sangue

Não parto por falta de força e desejo de saber

Em qual das curvas a morte me espreita

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 29/06/2018
Código do texto: T6377421
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