PROLE
em nome do amor,
engravidei a tua alma o mais que pude,
e, com tanto espaço contido em nosso corpo,
[por mais e mais que treinássemos a vinda da prole]
sobra, mais um, para o teu espírito visível
cobaias,
dispostos a protegermos o amor dos experimentos da ciência
[explicamo-nos]
com a cor exata da felicidade
o que poucos amantes custam tanto a conceber
[crer e crescer]
em nome do amor,
engravidei a tua alma o mais que pude,
apesar dos prazeres fáceis, quase mundanos,
[por mais e mais que tentássemos evitar a vinda da prole]
nossos entreolhares jamais foram répteis!...
[aborto]
em nome do amor,
novamente, engravidaria tua alma,
por mais que sopros faltassem em meus cochichos...
certamente,
em nome do amor, tentaria,
por mais que as casas germinadas, os postos de gasolina e só abraços
estivessem distante do mundo dos modernos,
por mais que a troca de correspondências com a caligrafia delicada dos cartões
[e até a Hora do Brasil]
fossem fora, absurdamente fora de moda
com o meu corpo a brincar do teu
[proliferarmo-nos]
sobrará – em mim – excessos de guardar-te cheia de bem-estares
enquanto à tua alma volto, a engravidar.