A Capacidade Extenuada
A capacidade extenuada.
Complexo de superioridade estrondosamente ruído
Sob a contingência senil do tempo.
Perpetrada a solidez angustiante
Do caráter fosco e sem vida sobre
A fluidez infinita que a alma deveria ter.
Barometricamente falando, aniquilado
Pela densidade feroz de plúmbeo ar.
Remendado a agulha e linha em terra fofa.
Órbitas que, dentro de outras órbitas
Caçam a geometria assimétrica de um foco.
Suplicantemente arregalados
Sorvem avidamente a realidade
Distante, porém sempre logo ao lado.
Ânsia gastronômica no pericárdio machucado
Que oscila tortuoso sobre a carne, agora osso.
Osso que palpita sem um ritmo
Cantando a melodia atonal dos pássaros
Encarcerados na alegria dos que sofrem.
Goteja água salgada sobre o solo
E semeia vida verde que irrompe
Em fúria graciosa rumo ao Sol.
Rompe o hímen fino, a superfície
Plana e morta dessa terra
E jorra como o gozo de uma vida inteira
Suprimida pela casta ignorância.
Mais um canhão retumba ao longe
Cujo projétil eclipsa a Lua
Que por sua vez eclipsa o Sol
E explode revelando o céu azul
Sem luz, limiando o limbo.
Explode em sibilante nuvem negra.
Insuportavelmente penetrantes são suas asas
Que cortam o ar, o chão, a pele, a carne, o osso e a mente.
Vôos lacerantes tornam fibras em barbantes
Suprimindo agora o antes e tecendo o depois.
Teia renovada abriga aranha apaixonada
Pelo tudo, pelo nada, pelo feijão e arroz.
Tréplica mal feita é finalmente não aceita
E expira logo na sarjeta, á margem de tudo o que há.
E na intermitência breve cria-se a carência leve
De competência que eleve o ser para lá.