A Luz no fim do túnel

De tudo aquilo que contém dor

As vezes que senti-me em invernos eternos

Foram as que mais estagnavam a vontade de viver

Ao fim do sofrimento, pensei

A dor, não física, mas da alma

Vinha como acusador

Mostrando-me os abismos e que não haveria mais saída

Dando a mim tristeza em taças de vinhos…

A esmo em oceanos inteiros de martírios

Desorientado, e os círculo de sentimentos bons em desuso

Só haviam lágrimas, principalmente as que sangravam o coração

Insuficiente de amor

Andrajo em espírito

Pensamentos com ímpeto

Banhado em macula

O viver era sempre desculpa

Para fazer-se o que bem queria

A vida não sorria pra mim…

Derribado em entendimentos

Nos quais eu nada sabia

O porvir não era importante

E o passado me lembrava a todo instante

Dor e mais dor

Prato cheio para lamúria

Mortificado, cansado

A morte tomava café comigo

Me deitava na cama

Me acompanhava para todo lugar

O éter exalava

O enxofre me perfumava…

Estava chegando a hora

Eu sentia

O inverno consumia

A neblina em minha frente

O ar denso e fétido

A desesperança, a maior das tristezas impregnavam cada parte de mim…

E chegou um dia que beijei o rosto da morte

Ela me levou para um quarto

Onde as paredes suavam

E trancafiado, ela me observava

Sozinho ali, o vazio era preenchido com a maior das dores

A vontade de dar um basta no sofrimento

O suicídio, a morte de mãos dadas incentivando

Pensamento vil, longe e perto

O filme da minha vida passa em segundos…

Overdose de dor

Na maca, o choro desce…

O desespero me acomete

Eu peço ajuda sem falar

Imploro por uma chance

Sinto que pode ser meu último suspiro

E com um ato inexplicável

Um anjo de Deus me tira dali

Da sala onde a minha alma seria devorada

Onde tudo acabaria

Um sopro de esperança achega-se...

Caio em si

Desanuviado, agora bem entendido

Reflito

Mesmo não sendo com Deus

Ele me mostra que sempre foi comigo

Vejo uma luz

Ela brilha

Ouço uma voz

Me chamando de filho

E na saída do túnel

Jesus me espera

Me dá a mão

E com um toque acarinhado em meu rosto, me diz:

Hoje a sua dor termina, hoje você conhecerá a verdade...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 24/06/2018
Código do texto: T6372787
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