Cinema
Eu não sou “O Grande Gatsby”,
mas o meu “Golpe de Mestre”
foi ver “Gandhi” no cinema.
Hoje sei, valeu a pena...
quarta fila, em sala escura,
vendo “Os Girassóis da Rússia”
é que me tornei poeta.
Pulo, então, pra outra tela
e meu coração anseia,
volta e meia titubeia,
e me sinto assim sozinho
como “Um Estranho no Ninho”;
passo por mil obstáculos,
o rancor e seus tentáculos
em “Romeu e Julieta”,
no veneno o amor se deita;
a minha alma fica presa
onde “Os Brutos Também Amam”.
Ao lembrar-me dos que espantam,
serenei-me em “Psicose”,
dando um choque em Hitchcock.
Sonhei alto em meu cinema
e outra vez entrei em cena,
mas não deu em “Love Story”;
só que a dor me fez mais forte
e de pobre a magnata
me vinguei naquela sala,
“Cidadão Kane” me fiz,
ousando no que bem quis.
Orson Wellss me pôs pra cima,
e daí entrei no clima:
"O Último Tango em Paris”,
“La Dolce Vita”, Feline,
mais “Perfume de Mulher”.
Mas nem tudo é o que se quer...
E outra tela apareceu,
desativei no mar Egeu
“Os Canhões de Navarone”,
dei um basta em Corleone,
“O Poderoso Chefão”.
Num “Horizonte Perdido”
não me dei por vencido,
eu queria o meu chão,
não botei fé no Tibet;
noite, tarde, de manhã
e, também, no lusco-fusco
eu corri feito um maluco
tal e qual “Forest Gump”;
por caminhos adversos,
procurei pelos meus versos
que filmei tempos, então...
“E o Vento Levou”... Não!!!