AMANTES

Desarmados.

Bem nos sabíamos amados.

E agora despontava a aurora

E ainda sofríamos a sagração do amor.

Tocam os sinos na Catedral.

Brindam o sacramento que só nós

Realizaríamos neste tempo-espaço.

Vitoriosos de um novo tempo,

Que a busca insana brindou

Com todos os elementos

E mais um.

Agora restava percorrer caminhos

Através da luz

Que sabíamos,

E cumprir esta magia mestra

- perfeita poesia.

E o dia iluminou.

Toda vida saltou,

Sem de nós saber.

Só nós percorreríamos os dias sabendo.

Coisa, casa, café,

Dizer, domingo,

É ou não é.

Agenda semanal:

Haverá estratégia pra dobrar o vendaval?...

Era uma vez?

Medo. Oh, anticética humanidade!

Tempo. Cá estou no tempo outra... revez.

Já percebo a poeira no vidro da janela...

Luz mansinho chegando depois dos sinos.

Intensifica. Solto uma gargalhada amante.

Nada há a temer deste ponto à diante.

Nem mesmo o ponto que há a diante.

Ora, vamos, na vertical!

Saia! O cinema, a bienal!

Avante!

Respiração,

Um copo d’água,

Café e pão.

Observação cara a cara com o espelho:

Hoje não leia o caderno B do jornal.

Frase chave ligando a cafeteira:

Não disperse.

Dispersando com a xícara fumegante:

O vento é favorável e tola a idéia de vendavais.

E eu Verso no guardanapo:

Vou.

Também vens.

Agora e sempre,

Amém!

Tânia Barros - Rio de Janeiro -

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