O DIZER DAS SUPERFÍCIES

Estamos sempre escavando a superfície do cotidiano,

Buscando uma plenitude,

Uma profundidade das coisas rasas.

Intuímos em tudo um duplo.

Vivemos de significados,

Da vaidade do bem pensar e dizer.

Mas tudo não passa de tagarelice.

No fundo a linguagem nos escapa.

Algo nos captura.

Algo nos faz dizer.

Surpreendemos verdades onde existe apenas abismos.

A linguagem esta no silêncio,

Na estética do não dito

entre os vazios dos enunciados.

É preciso afogar-se nas superfícies,

Escrever o lado de fora das palavras.