Linho puro

Nas cores do mundo, suas formas e sons,

Falando de tudo com cheiro de amor,

Pensando entre quatro paredes, lençóis,

Perdido, febril entre tantos poentes,

Cruzando mil mares, vencendo as geleiras,

Cortando os desertos, jorrando as águas,

Um só coração, multidões de aortas,

Queria virar-me de baixo à cabeça,

Sacudir-me todo, livrar-me de átomos

Que não tenham amor, nem carinho pra dar,

Depois ir morar nalgum pé de algodão,

Virar uma flor e, por fim, linho puro.