Picles

MORENA CHINESA

Que pensa a morena chinesa

Se toda chinesa é morena?

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POETA DO SIMPLES

Eu sou o poeta do simples

Sim, please?!

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COITADA DA MORTE

A morte me ronda

Marcação cerrada

Tá sempre sedenta

Querendo me ter

Coitada da morte

Quando me receber

Irá se frustrar

Certamente dirá:

- Morreu quem já tinha morrido.

Perdi o meu tempo!

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RIACHO

Num riacho em Baldim

Onde as águas fazem chuá

Moram sapos e girinos

Moram peixes pequeninos

E uma caneta Bic

Que eu deixei nele cair

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DA MESMA ESPÉCIE

Meu vô já dizia

Prestes não presta

Meu pai emendava

Getúlio também

-

O que noto agora?

Que os que vieram

Após oito cinco

São da mesma espécie.

-

Meu pai tinha o vô

Pra se consolar

Eu só tenho eu

Para suportar

-

Mas eu tenho os dois

Para me lembrar

Que os da mesma laia

Também vão passar

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PECHA

Roubou...

Cadeia.

Não há

Palavra

Meia.

O problema é provar

O crime do rico, político e poderoso

Pois há mais postergações e recursos pra inocentar

Do que provas para condenar

O advogado de defesa

Tem tanta defesa

Que deixa o advogado de acusação

Sem elementos de acusação

E assim

Roubou...

Tem brecha

Inocente

Injustiçado

Até herói

O ladrão passa a ser

E a pecha

De ladrão

Se o ladrão é rico, político e poderoso

Acaba indo pelos ares

Mas, cá entre nós, que ser HORROROSO!

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BREJEIRA

Eu vou plantar algo de doce,

eu vou plantar algodão doce

na minha alma fria e vazia,

e vou regar com mel

de flor de laranjeira

o meu coração amargo.

E nas noites de lua redonda,

eu vou cobrir com beijos doces e quentes

a moça mais brejeira

que mora nas redondezas.

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FÚTIL

Estava a tomar gim com os

amigos,

ela passou,

ao ver seus olhos longínquos,

ambíguos,

eu pensei em me atirar

de comprido

nos paralelepípedos,

colher pedras

e oferecê-las a ela

em um mineral gesto de amor.

Inútil!

Não havia gim, ela, paralelepípedos, amigos, nada,

apenas este poeminha

fútil.