Caem as flores

caem as flores,

lentamente,

sobre os caminhos do outono

sobre lembranças e sonhos

lá fora há um sol alegre

digo ternuras

para os teus cabelos

há tanto silêncio nas palavras que lhes digo

o mundo sonhava triste antes de ti

o azul esperava

os versos suspiravam

e esperavam

sementes

dormiam na noite acesa

tempos distantes

solitários barcos

ilhas cansadas

frágeis oceanos

mares sem nome

depois de ti

as ondas quebravam entre as tuas pernas

e era em teu corpo que eu navegava

naufrago insaciável

enquanto as flores caiam

sobre os caminhos do outono

sobre lembranças e sonhos