Aiuaba
Quando chove em Aiuaba
Nos sertões dos Inhamuns,
O verde recobre a mata
De angicos, baraúnas,
Aroeiras, emburanas,
Embuzeiros, cactáceas...
Xique-Xique em flores brancas,
Dentre todas se destaca
Ao formar touceiras densas,
Onde a flor sai pelos lados,
De beleza tão intensa,
Se assemelha a um candelabro,
É achada onde tem rocha
Pro calango se arrastar;
Mico-estrela pula em copas,
Macaco-prego é um show,
leva a vida na galhofa,
Tatupeba faz buracos...
O sertão vira uma trova,
Siriema dá um toque
De elegância ao lugar;
Juriti, ave de porte,
Canta triste, romanceiro,
Patativa canta alegre;
Papagaio-verdadeiro,
De plumagem rica, verve,
De beleza invulgar,
Na caatinga faz seu ninho
Bem no oco de uma árvore.
No sertão tudo é carinho...
Mas em um piscar de olhos,
Guardo o sonho na gaveta,
Pois depois que a chuva passa,
As lagoas ficam secas,
Tudo acaba em debandada,
De marrom se veste a mata...
Pra que serve o meu encanto?
Asa-branca bate as asas
A procura de outros cantos,
Nos confins do Ceará.