Pearl Jam

Pearl Jam ---

Ela me mandou uma mensagem

dizendo que queria ter a liberdade de estar com outras pessoas,

e eu pensei, "bem, tem um monte de pessoas por aí...

não sou eu que vou te impedir",

mas não respondi nada.

era tudo tão confuso...

Eu tinha uns 32 anos, e me sentia em plena crise de meia idade.

Talvez um pouco mais cedo do que se espera...

Então é isso...

Eu ignorei, ela fingiu que estava tudo ok... e ficou por isso mesmo...

não tinha como mudar os fatos...

pelo menos tudo me aconteceu rápido.

eu juro a vocês,

eu senti algo me comendo por dentro naquela noite,

mas guardei pra mim mesmo

toda aquela dor.

Amâncio, um amigo,

me ligou logo depois, mas eu não lhe falei nada...

talvez ele tenha percebido o estado das coisas pela minha voz,

por que a última coisa que ele me disse foi, "fica bem"

bem... talvez eu seja mais transparente do que eu gostaria de ser...

e então eu percebi que eu era aquilo mesmo, mesmo que odiasse admitir.

mesmo que fosse extremamente pesado pra carregar.

mas eu ainda estou aqui,

pensando nisso...

pequeno

tão pequeno... que nunca consegui entender

como minha dor podia ser tão grande

naquele momento.

Tudo permanece do mesmo jeito

Mas o foda é que tudo ao me redor me lembra dela.

e eu nunca pensei que fosse lamentar

o dia em que eu me encantei

por aquele par de olhos verdes.

por aquele sorriso sem consequência.

Só que agora que passou, eu penso... tanto faz...

não faz sentido pensar em arrependimento.

Eu ainda estou aqui,

me imaginando daqui há um mês, ou no ano que vem.

se eu vou estar no mesmo bar de sempre,

tomando litrão de brahma a sete reais,

rindo de qualquer coisa idiota,

ou qualquer piada sem graça,

que algum amigo tenha me dito...

eu consigo me ver, me desperdiçando

perdendo de tempo,

derrubado pela ressaca no dia seguinte.

No fim das contas, olhando a vida de cima

bem de longe,

vejo que não tem ninguém por si só...

todo mundo depende de alguém.

e quase todo mundo se encontra

no final.

Eu paro e me ajoelho.

na minha nova casa.

e me imagino entrando sóbrio,

no nosso bar,

e a mesma cena

quando dei de cara com os olhos dela

pela primeira vez.

Me sento na nossa mesa e viro um copo de cerveja

até que só sobre espuma em meus lábios,

e encho o copo novamente...

isso é tudo que consigo pensar agora...

eu nunca fui muito bom

em finais felizes

ou em histórias bem contadas.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 14/06/2018
Reeditado em 12/04/2022
Código do texto: T6363785
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.