PÂNTANO
Quando chove cântaros
Minh'alma faz-se pântano.
Da lagoa interna o sapo
Coaxa enchendo o papo.
Ouve-se um cantar que cricrila.
Há um painel de estrelas,
Cada qual vivendo enquanto cintila
O tempo preciso de vê-las.
Gotas repicam sobre o telhado.
A calha geme pelo que derrama.
Não me empenho em silêncio ou brado
À umidade alheia do peito que não ama.
Chuva torrencial trovoa a madrugada ...
Abafa os pipios de aves aflitas.
Revolve sonos e sonhos e os faz nada.
Chuva toma ares e formas de cripta.