SE NÃO FOR A SANGUE
Se não for a sangue,
Não será arte,
Não terá obra...
Virarão as paginas e só encontrarão,
Ferrugens, tinta, papel...
Só encontrarão palavras,
Montado feito estátua de cemitérios.
Se não for a sangue,
Não será arte,
Não terá obra...
Não terá algo que pulsar,
Sangue exposto,
Veias expostas,
Homem exposto,
Não terá à alma livre,
Aberta,
Que de um fleche luz,
Caído no espírito,
Baile louca e vadia a poesia,
E sabemos que livres são as palavras!
Se não for a sangue,
Não será arte,
Não terá obra...
Terá não os sentidos
Entendido o poema,
Não, não terá mesmo.
Terá a consciência, a razão, o intelecto,
O óbvio...
Um monte de formas e lógicas,
Regras, conceito, modo.
Tudo pra decifrar, revelar o poema!
Terá a gramática,
Terá os graduados...
Um monte de pessoas terá!
Mas...
Se não sangrar no verso,
Se nunca sentiu a carne do verso,
Não terá das mãos pena que ascenda á Bandeira!
Terá o frio,
O desversos!
O que não é sangue,
Não é arte,
Não é obra.
Terá
Um monte de letras,
Um texto,
Um tema,
E um poema que não vive!
Todos entendem o poema,
Até o tolo entende o poema.
Mas,
Quem sente,
Quem vive,
Quem tem em mãos,
Dom entregue por Homero...
Desses são a poesia...
Esses se deitam com Serguei Iessiênin...
Não para mote!
Para arte,
Para obra.
Esses são de sangrar,
Pois, esses entendem as estrelas,
E da lua, já são amantes!
Iessiênin!
Iessiênin!
Teu ultimo Iessiênin!
Teu ultimo poema,
Pariu mil São Petersburg!
Pariu um poeta manco!
Libertou mil donzelas,
Varreu uma cal caída sobrem os homens...
E teve o sangue como arte,
Maior das artes!