AS FLORES DO INVERNO

Ao sair no calçadão da Rua das Flores

Eita!! Quantas flores exuberantes,

Vistosas, perfumadas e caminheiras

Gardênias, Angélicas, Margaridas, Hortências, Acácias...

O frio faz com que floresçam em suas faces mimosas

As rosas que só aparecem no inverno

Ora rosas rosicler, ora níveas ruborizadas

Não copos, mas coleantes taças de leite-quente

casacos, jaquetas, botas cano alto, bolerinhos

Quanto charme neste sobretudo carmesim

Hastes formosas revestidas com as camurças dos andes

Pedúnculos mimosos cobertos de lã

pétalas rijas recamadas de couros multicolor

Certamente banhas nesta época, nas termas da vaidade

Azaléias brejeiras, prímolas primorosas,

violetas delicadas, tulipas encantadoras,

estrelicias picantes, bromélias matronas,

camélias ousadas, orquídeas selvagens...

é debalde a ousadia

pobres cravos desprezíveis

o quanto estão cônscias do seu poder!

Nos mergulham uma e muitas vezes

Nas suas corolas transbordantes de enlevo

E nos escoam extasiados nas valas da Rua XV

Agora já sei por que a chamam: Rua das Flores

Como um sedento colibri

Embevecido por essas paragens maviosas e exuberantes

Quis sorver os aljôfares de mel, orvalhados

em toda a sua haste, em seus cálices

em todas as suas pétalas e pedúnculos

Linda Flor caminheira, neste inverno

Esta ainda mais graciosa

Seu olhar de ternura criva-lhe n’alma

Feiticeiros espinhos de bálsamo

Qual nívea rosa dengosa.

davicartes@gmail.com

poesiasegirassois.blogspot.com

Davi Cartes Alves
Enviado por Davi Cartes Alves em 03/09/2007
Reeditado em 07/10/2007
Código do texto: T636175
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