DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO, OH LUA E ESTRELAS
A lua cirandou com as estrelas,
Roda de luz sobre a flor noturna.
Bilac escutou-as, ao vê-las,
Entendeu-as de amor, no espaço
Damas argênteas da noite.
Pergunto eu, qual foi a urna
Que conseguiu escondê-las
Com seus fios de prata
Na Via láctea,
Há quem as amoite,
Escondidas na mata?
Na língua de Bilac, eu nada parnasiana,
Em versos, palavras e poemas
Alfazemas
Da última flor do Lácio,
Muito mais proustiana,
Neste século vinte e um,
(Sem receio algum)
Pergunto por onde andarão
As estrelas e a lua
Ao amanhecer?
Não me importa se inculta
Esta língua romana,
De soldados sobre selas.
Há esplendor em suas gemas
E suas palavras
Alegram-me, pois são belas.
Entre cascalhos e grutas,
Aonde foram, senhoras da noite
Tão doces, ou mesmo brutas,
As palavras, todas elas
As esconderam em capelas.
Oh, última flor do Lácio,
Percorra o chão moreno,
Suba montanhas rosadas,
Deslize sob o sereno.
De nossa língua os poetas
Sempre lhes fizeram festas,
Oh, lua alta e estrelas,
Aonde foram em serestas,
Quem conseguiu escondê-las?
Dalva Molina Mansano
Junho de 2018.