INSECTA
Detive do mundo negrume.
Assumi papel de vagalume.
Foi vão, um tiro no escuro
Gerar profecias, futuros.
Contrapunham-se as luzes do dia,
As quais ofuscam luzes do lume;
Abolido o lume, restou vaga :
Parcos onda e onde de minha saga.
Decidido ao acúmulo de cúmulos,
De cirros e de nimbos - Um tesouro! -
Resolvi, de agora e sempre, até o túmulo,
Visualizar dos céus o voo em besouro.
Impregnei de desejos toda alma minha,
Daria voos imprecisos, ziguezagueantes;
Flagrei-me então não besouro, mas joaninha,
Até que nada mais fosse como antes.
Mas joaninhas remetem aos joões
Driblados por Garrincha nos campos pelo mundo.
Não almejava aquelas solidões
Na liquidez como a de cheques sem fundos.
Tive opção de ser abelha de colmeia,
Ou saúva que corta folhas de roseiras:
Aferroar... se a ferro me firo, má ideia,
Calar as rosas também me pareceu asneira...
Chegada a hora de meu Apocalipse -
Vislumbro, a qualquer momento, sons de trombetas,-
Antes que se opere o anunciado eclipse,
Eis que, boquiaberto, descubro-me borboleta !