INSECTA

Detive do mundo negrume.

Assumi papel de vagalume.

Foi vão, um tiro no escuro

Gerar profecias, futuros.

Contrapunham-se as luzes do dia,

As quais ofuscam luzes do lume;

Abolido o lume, restou vaga :

Parcos onda e onde de minha saga.

Decidido ao acúmulo de cúmulos,

De cirros e de nimbos - Um tesouro! -

Resolvi, de agora e sempre, até o túmulo,

Visualizar dos céus o voo em besouro.

Impregnei de desejos toda alma minha,

Daria voos imprecisos, ziguezagueantes;

Flagrei-me então não besouro, mas joaninha,

Até que nada mais fosse como antes.

Mas joaninhas remetem aos joões

Driblados por Garrincha nos campos pelo mundo.

Não almejava aquelas solidões

Na liquidez como a de cheques sem fundos.

Tive opção de ser abelha de colmeia,

Ou saúva que corta folhas de roseiras:

Aferroar... se a ferro me firo, má ideia,

Calar as rosas também me pareceu asneira...

Chegada a hora de meu Apocalipse -

Vislumbro, a qualquer momento, sons de trombetas,-

Antes que se opere o anunciado eclipse,

Eis que, boquiaberto, descubro-me borboleta !

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 09/06/2018
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